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Bactérias pioneiras moldam o microbioma intestinal dos bebês
Estudo genômico britânico identifica três espécies bacterianas que iniciam a colonização do intestino de recém-nascidos, com potencial para desenvolver probióticos personalizados
Microscopia eletrônica revela a diversidade de bactérias presentes no intestino humano, incluindo as espécies pioneiras que colonizam o trato digestivo dos recém-nascidos | Imagem: Wellcome Sanger Institute
A maior análise genômica do microbioma de bebês do Reino Unido revelou que a colonização do intestino por microrganismos começa logo após o nascimento, com o predomínio de uma de três bactérias pioneiras. Uma delas ajuda na digestão do leite materno e protege as vísceras de patógenos, o que pode futuramente gerar novos probióticos para essa fase da vida.
O estudo foi conduzido por pesquisadores do Wellcome Sanger Institute, da Universidade College London (UCL) e da Universidade de Birmingham, todos no Reino Unido e publicado na revista Nature Microbiology.
O grupo utilizou sequenciamento completo de genoma para analisar fezes de 1.288 bebês saudáveis, com menos de um mês de idade, como parte do Baby Biome Study, iniciativa que busca compreender o papel do microbioma no início da vida.
Uma das bactérias benéficas pioneiras, da espécie Bifidobacterium breve, é geneticamente adaptada para fazer total uso dos nutrientes presentes no leite materno, sugerindo que é a mais adaptada para persistir no microbioma de um bebê. A equipe descobriu ainda que o microrganismo pode impedir patógenos de colonizar o intestino, ressaltando seu potencial como um probiótico natural.
Os achados podem dar base ao desenvolvimento de fórmulas infantis e probióticos terapêuticos contendo as cepas naturais mais efetivas para o microbioma dos nenéns.
Atualmente, a maioria dos probióticos infantis contém uma linhagem bacteriana não encontrada originalmente no intestino nessa fase da vida em crianças de países ricos como Reino Unido e Estados Unidos.
Antes do estudo, havia carência de dados em alta resolução mostrando como o microbioma se desenvolve nessa fase da vida e quais bactérias seriam as mais úteis em recém-nascidos saudáveis. Pesquisas parecidas foram feitas em outros países, mas com amostragens muito menores.
Além de B. breve, uma segunda, B. longum, foi uma das pioneiras benéficas presentes nas análises. Seu papel é promover a colonização estável de outros microrganismos benéficos. A terceira mais frequente encontrada pelos pesquisadores foi Enterococcus faecalis. No entanto, o começo da vida com excesso dessa bactéria é considerado arriscado, uma vez que pode levar à colonização por microrganismos resistentes a antibióticos.
Mapeamento do microbioma
“Isso pode interferir no desenvolvimento do microbioma infantil e aumentar o risco de patógenos colonizando o intestino. No futuro, pode ser possível prever como se dará o desenvolvimento das vísceras dos bebês mapeando o perfil do microbioma intestinal logo após o nascimento, para verificar qual bactéria pioneira eles possuem. Se necessário, um probiótico personalizado pode ser fornecido para ajudar a promover um microbioma saudável e protegê-lo contra infecções”, escrevem os autores, em um comunicado à imprensa.
Em um estudo anterior, publicado na revista Nature em 2019, o grupo havia mostrado que bebês nascidos por parto normal tinham mais bactérias intestinais similares às das mães, enquanto os vindos ao mundo via cesárea adquiriam mais microrganismos presentes no ambiente hospitalar.
“O microbioma intestinal é um complexo ecossistema de milhões de micróbios, vitais para a saúde humana e importante no desenvolvimento do sistema imune. Uma vez que começa a se formar imediatamente após o nascimento, o primeiro mês é a janela mais próxima que se tem para intervir com probióticos que possam restaurar ou melhorar o microbioma”, escrevem.
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