
O barulho dos agrotóxicos
Bioquímica da Unioeste indica clássico dos anos 1960 que denunciou efeitos de pesticidas no ambiente e na saúde humana

O QUE RECOMENDO:
O livro Primavera Silenciosa [Silent Spring], da bióloga marinha, escritora, cientista e ecologista norte-americana Rachel Louise Carson (1907-1964).
POR QUE VALE A LEITURA?
Publicada em 1962, a obra vale demais a leitura, para qualquer público, de todas as áreas do conhecimento. O livro foi publicado por uma corajosa bióloga, a norte-americana Rachel Louise Carson, que enfrentou a indústria química de produção de agrotóxicos e o governo dos Estados Unidos, a fim de alertar sobre os riscos do uso do Dicloro-Difenil-Tricloroetano (inseticida conhecido pela sigla DDT) e de seu impacto na saúde pública.
A obra é pioneira do movimento ambientalista ao falar sobre o impacto negativo do uso de agrotóxicos no meio ambiente e na saúde humana. Por conta disso, tornou-se referência no mundo e pautou decisões importantes para a posterior proibição do uso de agrotóxicos, além de lançar luz sobre a necessidade da criação de legislações ambientais nos Estados Unidos e, posteriormente, em todo o mundo.
O título – Primavera silenciosa – faz alusão a uma possível primavera silenciosa, que poderia ocorrer no futuro, devido à morte da fauna e da flora por conta do uso excessivo destas substâncias químicas no campo. É bastante atual por abordar a questão do impacto da disseminação de notícias falsas para a sociedade, já que discute o fato de a indústria química da época promover desinformação, negando os efeitos nocivos dos agrotóxicos. Carson também questiona o papel da gestão governamental ao permitir o uso de substâncias tóxicas sem ter informações técnicas sobre seu uso seguro.
Outra contribuição importante do livro é o alerta que a autora traz sobre a possível relação entre agrotóxicos e câncer. Por utilizar uma linguagem acessível, com inúmeros exemplos e referências científicas da época de forma precisa e contextualizada, o texto é simplesmente viciante.

Carolina Panis é bioquímica, professora do Laboratório de Biologia de Tumores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). É doutora em Patologia pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
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