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16.09.2025 Novos Materiais

Espuma de grafeno reconecta medula espinhal em camundongos

Material leve e condutor favorece regeneração neural em lesões da coluna e pode inspirar novos tratamentos para paralisias

Ilustração anatômica mostra quatro ângulos da coluna vertebral humana conectada ao crânio: vista lateral esquerda, frontal, posterior e lateral direita, evidenciando a estrutura óssea da medula espinhal. Lesões na medula espinhal, como as que ocorrem na região torácica da coluna (ao centro), podem levar à paralisia. Estudo com camundongos mostrou que espuma de grafeno ajudou a reconectar o tecido neural | Imagem: Wikimedia Commons

Uma equipe do Instituto de Ciências Materiais de Madrid (ICMM), na Espanha, conseguiu reconectar a medula espinhal de camundongos com lesão completa na altura do tórax, região responsável pelos movimentos das pernas. 

O grupo utilizou uma espuma de grafeno para estimular a regeneração do tecido nervoso, conforme descrito em artigo publicado na revista Bioactive Materials.

“Os resultados são visíveis após 10 dias e promissores após 4 meses”, relatou a bióloga Maria Concepción Serrano, uma das autoras do estudo, em entrevista ao site do ICMM

Segundo ela, o tratamento estimulou o crescimento de vasos sanguíneos maiores e mais abundantes dentro da espuma, crucial para nutrir o novo tecido e reparar os nervos da medula.

Avanço promissor para tratar paralisias

Além da vascularização, a equipe observou o crescimento de neuritos — prolongamentos que conectam neurônios entre si — mais longos, numerosos e bem distribuídos na espuma. 

Em testes com eletroencefalograma (EEG), os pesquisadores estimularam a região da medula abaixo da lesão e detectaram resposta neural em áreas do tronco cerebral ligadas à função motora, o que indica que houve reconexão entre medula e cérebro.

Lesões medulares, muitas vezes irreversíveis, podem causar paraplegia (perda de movimento nas pernas) ou tetraplegia (paralisia do tronco e membros).

Estima-se que ocorram de 6 mil a 8 mil casos de lesão por ano no Brasil, segundo artigo publicado em 2019 na revista ESTIMA – Brazilian Journal of Enterostomal Therapy.

Tecnologia em evolução

A equipe de Madrid já havia testado o tratamento em camundongos com lesão parcial da coluna e quis verificar se a espuma, que promove a regeneração dos neurônios mesmo sem ter nenhum componente biológico, estimula a cicatrização mesmo na lesão total.

A espuma de grafeno usada no experimento é formada por camadas de óxido de grafeno, material ultraleve e altamente condutor — que passam por tratamento térmico a 220 °C. 

Esse processo elimina o excesso de oxigênio e reforça a estrutura, aumentando a estabilidade mecânica e a capacidade de conduzir impulsos elétricos.

O tratamento não curou completamente os animais. Eles continuaram com pouca força nas patas de trás — mas conseguiram manter a coluna esticada (sem a escoliose observada antes do tratamento), e mostraram maior estabilidade do tronco e mobilidade da coluna. 

Nos próximos estudos, a equipe pretende desenvolver nanomedicamentos, para estimular ainda mais a recuperação da medula.

* É permitida a republicação das reportagens e artigos em meios digitais de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND.
O texto não deve ser editado e a autoria deve ser atribuída, incluindo a fonte (Science Arena).

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