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25.09.2025 Clima e Saúde

Mayo Clinic aposta em rede global de dados para enfrentar crise climática 

Eric Harnisch, da Mayo Clinic Platform, defende compartilhamento de dados para mitigar impactos do clima na saúde

A imagem mostra o retrato do estadunidense Eric Harnisch, da Mayo Clinic Platform Eric Harnisch, da Mayo Clinic Platform (EUA): “O compartilhamento de dados de populações de pacientes com diversidade geográfica e étnica é fundamental” | Imagem: Mayo Clinic Platform

Em um momento de crescente preocupação mundial com os efeitos da ação humana sobre o clima – e a menos de dois meses para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a ser realizada no Brasil –, Eric Harnisch, vice-presidente de mercado de provedores da Mayo Clinic Platform, nos Estados Unidos, é enfático ao apontar a necessidade do compartilhamento de dados internacionais para enfrentar os impactos acelerados da crise climática no sistema de saúde

“Nenhum de nós está imune aos efeitos da alteração do clima na saúde. Por isso, estamos nos esforçando para combinar dados meteorológicos e de saúde”, explicou Harnisch, durante o evento Climate and Health: challenges and possibilities of scientific diplomacy, realizado em agosto pelo Science Arena.

Em sua apresentação (veja abaixo o vídeo), Harnisch falou sobre como tal desafio é enfrentado pela Mayo Clinic Platform, uma iniciativa capitaneada pela Mayo Clinic, nos EUA, com o objetivo de consolidar uma ampla rede de dados global

A plataforma articula, por meio da Mayo Clinic Platform_Connect, instituições de saúde de diferentes partes do mundo, a fim de acelerar o desenvolvimento de inovações por meio da análise de dados clínicos qualificados, seguros e anonimizados. 

De acordo com Harnisch, o compartilhamento de dados de populações de pacientes com diversidade geográfica e étnica é fundamental para a criação de medicamentos, produtos, serviços e soluções de saúde mais personalizados. 

Além disso, grandes quantidades de dados podem fornecer aos cientistas uma riqueza de informações para pesquisas, incluindo estudos sobre doenças raras, infectocontagiosas ou relacionadas a eventos extremos, como ondas de calor

A seguir, leia os principais trechos da apresentação de Eric Harnisch.

A urgência da crise climática

Harnisch, que é de Minneapolis, em Minnesota (EUA), ilustrou a gravidade do problema citando que a região — conhecida por seus lagos e recursos naturais — recentemente registrou a quinta pior qualidade do ar no mundo. 

Essa poluição se aproximou a de locais como Congo, partes da Índia, Bagdá (Iraque) e Dubai. A causa desse fenômeno, disse Harnisch, são os incêndios florestais canadenses, que se tornaram mais longos e intensos devido às alterações no clima e na precipitação. Esse padrão representa um grande fardo para doenças cardiovasculares e crônicas.

O palestrante observou que o aquecimento das temperaturas e as mudanças nos padrões de precipitação têm impactado drasticamente as populações vulneráveis, especialmente aquelas em mercados emergentes ou no Sul global.

A estratégia da Mayo Clinic Platform

A Mayo Clinic, organização sem fins lucrativos reconhecida por sua abordagem integrada que abrange pesquisa, prática e educação em saúde, decidiu há cerca de seis anos criar a Mayo Clinic Platform. 

O objetivo da plataforma é usar dados como base para gerar impacto global mais amplo, enfatizou Harnisch.

O primeiro passo foi identificar e analisar seus 10 milhões de registros exclusivos de pacientes, incluindo dados sobre determinantes sociais da saúde. Contudo, a organização rapidamente percebeu o valor de reunir outros líderes mundiais com interesses de pesquisa semelhantes, para visualizar dados de todo o planeta.

A Mayo Clinic se uniu a organizações como o Einstein Hospital Israelita, no Brasil, e o Seoul National University Hospital, na Coreia do Sul, para tornar os dados interoperáveis, utilizando análises avançadas e inteligência artificial.

A conexão vital entre saúde e clima

Um foco central desse esforço colaborativo é a necessidade de combinar os dados de saúde com dados meteorológicos. Nessas colaborações, o trabalho envolve considerar, por exemplo, como ajudar agricultores a cultivar de maneiras diferentes ou empregar outras técnicas, enfatizando o caráter real da crise climática.

Segurança e padrões Globais

Uma questão crucial para trabalhar com dados clínicos é manter a privacidade e a segurança dos pacientes. É preciso minimizar o risco de reidentificação e anonimizar todos os dados sensíveis para garantir a segurança. 

No entanto, Harnisch alertou que à medida que novas fontes de dados são incorporadas e conectadas, o risco de reidentificação dos dados é uma preocupação latente.

Segundo ele, o papel que a Mayo Clinic busca desempenhar é facilitar essas conexões e impulsionar padrões industriais que permitam que as pessoas colaborem e comuniquem seus conhecimentos facilmente. 

O objetivo é garantir que a colaboração seja contínua e eficaz por meio de uma estrutura de dados padronizada e ferramentas capazes de gerar insights importantes.

Chamado à ação coordenada

Eric Harnisch reiterou que há uma necessidade clara de ação unificada que exige um esforço coordenado de pesquisa global. A Mayo Clinic manifestou grande interesse em fazer parcerias com todos que compartilham esse objetivo.

As redes internacionais de pesquisa devem ser organizadas, focando em desafios específicos como a vigilância de doenças infecciosas impulsionadas pelas mudanças climáticas, os impactos do calor na saúde, e a busca por formas de tornar o sistema de saúde mais sustentável.

* É permitida a republicação das reportagens e artigos em meios digitais de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND.
O texto não deve ser editado e a autoria deve ser atribuída, incluindo a fonte (Science Arena).

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