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04.07.2023 Obstetrícia

Satisfação materna na hora do parto

Mulheres ficam mais satisfeitas com o parto à medida que têm sua vontade atendida, indica estudo

Parto Vaginal e Cesariana: Mães ficam mais satisfeitas quando são ouvidas Ilustração: Larissa Ribeiro/Estúdio Voador

A hospitalização e a medicalização do parto ajudaram a reduzir drasticamente as taxas de mortalidade materna e neonatal. Ao mesmo tempo, aumentou o número de intervenções médicas desnecessárias e, principalmente, a perda da autonomia da mulher sobre o processo do trabalho de parto. As taxas de cesariana aumentaram globalmente nas duas primeiras décadas do século XXI, muitas vezes excedendo o índice de 10% a 15% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No caso do Brasil, ela supera as taxas de parto vaginal.

Pensando nesse cenário, um grupo de pesquisadores brasileiros realizou um estudo para investigar a relação entre o tipo de parto e a satisfação com a internação hospitalar. Os resultados foram publicados nos Cadernos de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O estudo de coorte usou dados da pesquisa Nascer no Brasil, iniciada em 2011, com 23.046 puérperas de uma amostra aleatória de hospitais. Dados sobre o tipo de parto – vaginal e cesáreo – foram coletados antes da alta hospitalar. Foram selecionados 266 hospitais com mais de 500 partos por ano cadastrados no Sistema Nacional de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). A amostra foi estratificada por macrorregiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), tipo de município (capital ou não) e administração hospitalar (pública, privada ou mista).

Cada estrato apresentou pelo menos 450 puérperas selecionadas em cinco ou mais hospitais. Na primeira etapa, foram entrevistadas 24.200 mulheres durante a internação do parto. Destas, 16.255 foram contatadas e reentrevistadas por telefone, em média 90 dias após o parto.

Contrariando o aumento das taxas de cesariana, estudos realizados em países com diferentes níveis de desenvolvimento têm mostrado que, geralmente, as mulheres preferem o parto vaginal. A cesariana, por sua vez, é a preferida pelas multíparas submetidas a esta via de parto e entre aquelas com plano de saúde privado.

As taxas de cesariana aumentaram globalmente nas duas primeiras décadas do século XXI, muitas vezes excedendo o índice de 10% a 15% recomendado pela OMS.

A preferência pela cesariana foi associada ao medo da dor, à percepção de que é mais seguro que o parto vaginal, experiências anteriores negativas, influência de profissionais de saúde, amigos e familiares e acesso limitado a informações sobre as características das duas vias de parto.

O parto conforme o planejado contribui para a satisfação materna com a hospitalização. Participar da escolha do modo de parto e de outros fatores como a facilidade de acesso ao hospital, estrutura física adequada, disponibilidade de medicamentos e equipamentos, tratamento digno, respeitoso e cortês, privacidade e confidencialidade no cuidado, disponibilidade de médicos e enfermeiros tecnicamente competentes (especialmente em situações de emergência), prestação de apoio cognitivo e emocional e bons resultados do parto foram associados à maior satisfação com o serviço de saúde na hora de parir.

Por outro lado, a percepção de dor intensa, especialmente durante a indução do trabalho de parto, parto vaginal instrumental, cesariana de emergência e trabalho de parto prolongado, foram associados a uma experiência negativa.

O estudo apresentava a seguinte hipótese: não deve haver diferenças na satisfação materna com a internação desde que o parto tenha sido realizado conforme o planejado pelas gestantes. O que foi comprovado: as usuárias dos serviços hospitalares brasileiros ficaram igualmente satisfeitas com a internação hospitalar tanto para parto vaginal quanto para cesariana.

Os autores concluem que o tipo de parto não influenciou diretamente a satisfação das mulheres. Os fatores que mais melhoraram a experiência foram o poder de decisão, o apoio recebido e a analgesia eficaz.

* É permitida a republicação das reportagens e artigos em meios digitais de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND.
O texto não deve ser editado e a autoria deve ser atribuída, incluindo a fonte (Science Arena).

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