04.06.2023 Assistência

Tratar o câncer e cuidar do coração

Sociedade Europeia de Cardiologia lança diretrizes para diminuir riscos cardiovasculares dos tratamentos contra tumores

Câncer e coração: novas diretrizes para tratamentos oncológicos e cardiovasculares

As taxas de sobrevivência ao câncer aumentaram significativamente desde os anos 1990, o que trouxe mais atenção para os efeitos colaterais dos tratamentos, como problemas cardiovasculares. Pensando nestes, a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) lançou em agosto de 2022, durante seu congresso em Barcelona, na Espanha, um conjunto de diretrizes tanto para diminuir os riscos cardiovasculares dos tratamentos quanto para tratar com segurança pacientes oncológicos já com alguma doença do coração. As recomendações foram publicadas no European Heart Journal.

O documento inclui 272 condutas que abrangem todo o percurso dos cuidados cardio-oncológicos, a começar pela estratificação de risco cardiovascular antes mesmo do início do tratamento contra o câncer. Além disso, faz uma série de recomendações para o tratamento com medicamentos potencialmente cardiotóxicos, como a administração preventiva de drogas para o coração. Sem os devidos cuidados, os tratamentos oncológicos podem levar a hipertensão arterial, arritmia cardíaca, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca e miocardite.

Os especialistas avisam que os riscos cardiovasculares são mais agudos durante a fase de tratamento oncológico, mas que não cessam completamente ao fim da terapia. Por isso, os pacientes devem ser acompanhados principalmente nos primeiros 12 meses após completo o tratamento para o câncer.

Após esse período, a atenção aos assintomáticos abrange desde a avaliação anual de risco cardiovascular em pacientes de baixo risco até ecocardiografias regulares nos grupos de alto risco. Grupos que merecem atenção especial incluem mulheres grávidas em tratamento oncológico, pacientes com tumores no coração e com implantes cardíacos eletrônicos que estejam passando por radioterapia.

O painel de especialistas que elaborou as diretrizes contou ainda com representantes da Associação Europeia de Hematologia (EHA), Sociedade Europeia para Radiologia Terapêutica e Oncologia (ESTRO) e da Sociedade Internacional de Cardio-Oncologia (IC-OS).

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