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11.04.2024 Internacional

Guerra ameaça ciência da Ucrânia

Relatório da Unesco calcula que conflito com a Rússia já gerou prejuízos de US$ 1,2 bilhão à pesquisa do país 

Guerra ameaça ciência da Ucrânia   Soldado ucraniano na cidade de Irpin, perto de Kiev | Imagem: Shutterstock

Prédios destruídos, equipamentos danificados, cientistas refugiados, pesquisas perdidas, redução de verbas. Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgado recentemente calcula o tamanho do prejuízo que a guerra vem causando à ciência da Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país, em fevereiro de 2022.   

Segundo o levantamento, serão necessários US$ 1,26 bilhão para restaurar toda a infraestrutura pública ligada à produção científica do país, incluindo US$ 980 milhões para as universidades, responsáveis por 52% da pesquisa pública.  

Até agora, 1.443 prédios de 177 instituições públicas ligadas à ciência foram destruídos. Outros não podem ser acessados por estarem sob domínio russo. A Unesco revela ainda que, por conta da queda pela metade nas verbas destinadas à ciência, os cientistas foram obrigados a se exilar ou se deslocar pelo país (12%).

Há também aqueles que trabalham de forma remota, sem acesso à universidade (30%). Sem contar os 1.518 que se voluntariaram para o combate.  

O número de contratos com parceiros comerciais nacionais e estrangeiros também diminuiu drasticamente devido ao conflito, reduzindo ainda mais as receitas das instituições científicas.

As oportunidades para investigação conjunta foram restringidas pela migração de cientistas. Todos esses fatores somados levaram a uma queda na produtividade científica ucraniana – e internacional, se consideradas as parcerias com outros países.  

Perda imaterial  

No entanto, mensurar quanto dinheiro será necessário para reerguer um prédio é mais fácil do que calcular o conhecimento perdido nestes dois anos de guerra. Em entrevista à Science Business, a pesquisadora Maria Moskovko, doutoranda na Universidade Lund, na Suécia, e que contribuiu para o relatório, lembrou que há um dano intangível feito à comunidade científica ucraniana que poderá levar décadas para ser sanado.   

“Espero que o relatório da Unesco ajude a dar mais visibilidade a todos os tipos de atrocidades que se cometeram. É toda uma estrutura civil que vem sendo atacada. Mas é uma estratégia [da Rússia] para destruir o que faz da Ucrânia próspera e o que contribui para sua inovação”, disse Moskovko.  

A União Europeia tem criado iniciativas para dar suporte aos cientistas ucranianos, tanto aos que seguem no país quanto aos que foram obrigados a deixá-lo.

Em dezembro de 2023, o Conselho Europeu para Inovação forneceu € 20 milhões para startups. O Instituto Europeu para Inovação e Tecnologia abriu um hub para dar suporte às pequenas empresas inovadoras em Kiev.   

Outras iniciativas depositaram outros milhões para ajudar pesquisadores de forma direta ou indireta, incluindo o recente pacote de € 50 bilhões da União Europeia, que prevê recursos para a reconstrução da infraestrutura.  

Para os pesquisadores ucranianos, a ajuda é mais que bem-vinda, mas ainda é esporádica. Na opinião de Moskovko, a situação poderia ser melhorada se houvesse mais diálogo entre a Ucrânia e a União Europeia sobre qual ajuda é mais necessária e qual pode ser fornecida.  

* É permitida a republicação das reportagens e artigos em meios digitais de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND.
O texto não deve ser editado e a autoria deve ser atribuída, incluindo a fonte (Science Arena).

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