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27.06.2023 Diversidade

Sub-representação feminina

Proporção de autoras mulheres em revistas médicas da Ásia é três vezes menor do que em periódicos de Estados Unidos e Europa

Sub-representação feminina em Autores de Estudos Ilustração: Patrícia Baik/Estúdio Voador

Um estudo que comparou revistas científicas da área médica de quatro países e cinco especialidades constatou que as publicações asiáticas são as que têm a menor representatividade feminina entre os autores dos estudos. Os Estados Unidos possuem a maior proporção de mulheres como autoras, enquanto revistas da Europa (Alemanha e Reino Unido) tiveram o maior crescimento da representação feminina em um período de dez anos. A proporção de autoras mulheres em periódicos asiáticos (Japão) é até três vezes menor do que nas outras regiões.

Os resultados foram publicados na revista Scientometrics por pesquisadoras de Hamburgo, na Alemanha, e de Tóquio, no Japão.

Foram avaliadas revistas de ginecologia, pediatria, radiologia, urologia e cirurgia. Nos períodos comparados (2007/2008 e 2017/2018), as publicações japonesas tiveram um pequeno aumento no número de mulheres como primeiras autoras, aquelas que normalmente estão em início de carreira e fazem a maior parte do trabalho publicado. No entanto, o crescimento foi acompanhado de uma queda no número de autoras sênior, aquelas que normalmente supervisionam a pesquisa, conseguem financiamento e assinam por último os artigos.

Comparadas à quantidade de médicas nos respectivos países, as primeiras autoras mulheres estão bem representadas nas revistas dos Estados Unidos e da Europa, mas abaixo do esperado nos periódicos asiáticos. “Autoras sênior mulheres continuam sub-representadas em periódicos de todas as regiões”, ressaltam as autoras do estudo.

As pesquisadoras constataram ainda que periódicos dos Estados Unidos publicam majoritariamente autoras daquele país, enquanto nos europeus mulheres norte-americanas e do Velho Continente são igualmente representadas. Asiáticas que atuam em instituições de seu continente são as que têm pior representatividade não apenas em revistas norte-americanas e europeias, como nas próprias publicações da Ásia.

No intervalo de dez anos analisado, em periódicos científicos das três regiões, a autoria de pesquisadores do mesmo sexo diminuiu quando se consideram artigos escritos por homens, mas continua a mais comum. Além disso, é mais frequente duas mulheres dividirem a primeira e última autoria do que um homem ser o primeiro autor tendo uma mulher como supervisora do estudo.

Em um recorte das revistas dos Estados Unidos, que têm outros estudos a respeito para comparação, os números em pediatria (66,1% e 43% para primeira e última autora, respectivamente) indicam um contínuo aumento de autoria feminina. Em ginecologia (64% e 40,8%) e radiologia (33,5% como primeira autora), os números estão na mesma faixa de estudos anteriores.

Nesta última especialidade, porém, os 16,3% de autoria sênior são menores do que o apurado por outros estudos. Em urologia, os 23,9% de primeiras autoras em 2017/2018 indicam aumento não apenas em relação ao período de 2007/2008 (13,5%), também analisado no estudo, como quando comparado com um trabalho de 2009 que chegou em 16,7%. A quantidade de autoras sênior, no entanto, não mudou muito em relação aos 6,6% apurados em 2007/2008.

Revisão por pares

Para as autoras, os resultados do estudo podem servir para conscientizar editores sobre a sub-representação feminina em periódicos asiáticos e de mulheres trabalhando em instituições da Ásia em revistas de outras partes do mundo. Além disso, podem motivar as publicações a substituírem a revisão simples-cego – em que os autores não sabem quem são os revisores – para duplo-cego (quando tanto os revisores quanto os nomes e afiliações dos autores são omitidas) e até mesmo triplo-cego (quando sequer o editor sabe quem são os autores).

Outros trabalhos já mostraram que tanto editores homens quanto mulheres preferem recrutar revisores do mesmo sexo, e que apenas 21% das dez principais revistas em 41 categorias têm mulheres como editoras-chefe. Ainda, as taxas de aceitação após revisão simples-cego são maiores para autores estabelecidos, normalmente homens.

“[O estudo] serve para ilustrar a necessidade de estruturas de rede, um ambiente de aprendizado seguro, opções de pesquisa e financiamento melhoradas, assim como suporte profissional para o avanço das mulheres, algo pelo qual lutam organizações como ‘Women in Surgery’, ‘Women in Transplantation’, ‘Women in Pediatrics’, e ‘Society of Women in Urology’”, concluem as pesquisadoras.

* É permitida a republicação das reportagens e artigos em meios digitais de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND.
O texto não deve ser editado e a autoria deve ser atribuída, incluindo a fonte (Science Arena).

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